Cidade Animal (texto-desabafo de Bartolomeu Nascimento)

"Cidade Animal

Depois de 22 (vinte e dois) longos anos distantes, eis que realizo o meu grande sonho, o de voltar para minha terra natal.

Preguei um grande susto nos meus parentes e amigos quando a eles pareci ser um escravo da bebida. A Deus, meu eterno pai, amigo e fiel companheiro, em cada gole que bebi, recorri para que não me abandonasse. E Ele foi a voz que eu ouvi, a paz que encontrei, a calma que me abrandou, quando tentáculos se moviam no falso intento de me tirar da sarjeta, mas na verdade atirando-me no abismo.

Há muitos anos tenho crises de bebedeira, mas nunca deixei-me escravizar. Porque, ao contrário dos que precisam mostrar ao mundo que é fiel a Deus, eu só preciso provar a mim mesmo que não estou sendo ridículo e a Deus não estou usando seu santo nome em vão.

Sofri, chorei. Deus e sabemos do meu desespero. Mas em nenhum momento deixei de acreditar no meu eu. Abençoado por um Deus que acusa, não julga e nem humilha. Um Deus que acompanha e que sofre com a gente e com a gente busca um caminho, encontrar uma saída. Deus que nunca me abandonou.

Como Deus nunca me abandonou, sempre me encorajou a expressar o meu ponto de vista em relação à importância da vida em comunidade, vou dizer o que penso.

Observo que pessoas daqui, por estarem empregadas na atual administração pública de Cristino Castro, pouco se lixam para os problemas de nossa cidade.

Ao contrário delas eu me importo, porque problemas de nossa cidade afetam cada um dos nossos moradores.

Cristino Castro, quando não se sabia o que era o progresso, era muito mais desenvolvido econômica, cultural e socialmente. Mas, infelizmente nosso povo não cultua o amor bairrista, aquele amor pelo qual defende-se o progresso incondicional do município, sem importar quem o esteja governando e sim que o esteja desenvolvendo e o elevando a um nível sócio-econômico digno de uma cidade que é referência no país e no mundo pelas riquezas de sua águas subterrâneas, seus poços jorrantes etc.

Aqui vota-se por 10, 20 reais, por ódio do vizinho, por um emprego, nunca pela cidade. Vota-se pela emoção, nunca pela razão. Pela emoção esquecem até do mais essencial: conhecer quem se vai votar. Depois crucificam cachorro, jumento e só falta saber qual o próximo a ser martirizado com a função ocupada por pessoas inescrupulosas. Será que é por que eles fazem o povo de besta?"





Autor desse texto-desabafo: Bartolomeu Santos Nascimento. Natural de Cristino Castro, ex-presidente da Associação dos Micro-empresários de Samambaia – DF. Está de Volta à Cristino Castro, atualmente estuda na escola Arsênio Santos, faz o 2º ano do Ensino Médio. Também aprecia o canto.

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