Erycka Martins, top internacional: de Cristino Castro para o Mundo (ENTREVISTA)

RAIO-X

NOME: Erycka de Oliveira Martins Cordeiro, 26 anos

FAMÍLIA: é a segunda filha de Teresa Crisitna, professora em Cristino Castro, viúva aos 28 anos de Edimilson Cordeiro de Souza, (filho de Arthur Boiadeiro), irmãs: Edcris e Elânia, sobrinha: Giovana.

LOCAL DE ORIGEM: Cristino Castro (PI), onde ficou até os 14 anos, indo estudar em Teresina em 1998, morando na casa do tio Zé Orestes.

INÍCIO DA CARREIRA: Aos 16 anos foi inscrita pelo tio (Zé Orestes) num concurso nacional chamado Elite Model Look. Passou na etapa Piauí, mas a família não deixou ir para São Paulo porque ela estava no 3º Ano, prestes a fazer vestibular. Fez vários trabalhos na capital Teresina: campanhas publicitárias, propagandas de TV, atuou como repórter no programa Trombone da TV Cidade Verde, apresentado por Cryslei Trindade.

CARACTERÍSTICA MARCANTE: Erycka é uma mulher de atitude, atualizada, politizada, gosta de filmes geniais, de cineastas com visão de mundo diferente, de freqüentar museus, teatros, ler, ir ao cinema, veste roupas com as quais ela mesmo se identifica e diz que nunca foi e nunca será manipulada por ninguém.

SONHOS: sempre estar ajudando a família, desenvolver um trabalho social em Cristino Castro, ser uma profissional bem sucedida, ser poliglota e morar na Europa.

FRASE SUA: “Auto-estima ajuda a querer viver para sempre”

ENTREVISTA
1. Quando você descobriu essa vocação de ser modelo? Partiu de você mesma ou foi influência externa?

ERYCKA: Eu não descobri. Não partiu de mim. Meu tio viu um folheto e me inscreveu. Eu fui gostando aos poucos.

2. Quem é a profissional que você se inspirou ou se inspira nessa carreira?

ERYCKA: Nunca segui ou me inspirei em ninguém e isso foi bom porque as pessoas me elogiavam por ser uma pessoa de atitude própria e estilo exótico. Nunca fui bobinha que respondia sim a tudo sem questionar.

3. Após a sua experiência como repórter no programa Trombone, há uns quatro anos, que rumos sua carreira tomou?
ERYCKA: Fiz contatos com pessoas em São Paulo e me joguei. Fui pra lá apenas com passagem de ida e um mês de aluguel no apartamento da agência para a qual eu trabalharia.
Sofri um monte, faltou dinheiro, saí da agência, não tive onde ficar. Na época eu estava namorando e o Leandro (namorado) foi meu chão, meu céu, meu tudo.
Aos poucos reconstruí tudo e fui convidada [em 2007] para participar de um reality show num canal que só passa em TV a cabo. O Sony Enterteinment Television.
E então tudo andou. Fiquei 2 meses confinada com outras modelos numa mansão no Morumbi, fotografando com os melhores fotógrafos e editores de moda, estilistas e produtores. Isso me ajudou a crescer muito porque o que eu sabia desse meio era nada, nada mesmo. Em SP tudo é diferente.
Eu não ganhei o programa. Fui a 7ª eliminada, mas isso me trouxe visibilidade e eu consegui uma agência em Paris. Depois conheci Frankfurt na Alemanha, Budapeste na Hungria, Praga na República Tcheca, Lisboa em Portugal, Madri na Espanha... etc.
Eu cresci muito como pessoa. Aprendi idiomas, conheci culturas diferentes.

4. Erycka, hoje você tem uma carreira internacional. É difícil chegar à condição de modelo internacional?

ERYCKA: É difícil porque nem sempre as meninas caem em boas mãos. O mundo é perigoso demais e as pessoas se aproveitam do fato de você querer muito ser modelo, ser famosa e ganhar dinheiro. Essas meninas topam tudo, acreditam em qualquer um que diz que farão delas uma top model. Eu tive sorte de conhecer as pessoas certas e aceitar viajar na hora certa, quando eu já estava bem madura o suficiente pra encarar o mundo sozinha.

5. O que a carreira de modelo já lhe proporcionou?

ERYCKA: Aprender dois idiomas, conhecer pessoas famosas, jantar em restaurantes caros, viajar para vários países.
Nunca ganhei rios de dinheiro, mas sempre consegui ter o suficiente para ter uma vida sem dificuldade nenhuma. Mandei dinheiro pra casa, comprei minhas coisas aos poucos. Nunca nos faltou comida ou roupa e nosso aluguel nunca ficou sem ser pago.
Eu não almejo muita coisa. Eu só quero o bem estar da minha família e a gente sempre se ajuda, sempre se fala.

6. Sua carreira sempre se mantém numa progressão, ou seja, sempre vão aparecendo novos e melhores trabalhos ou tem momentos de queda?

ERYCKA: Eu sou modelo high fashion. Ou seja, modelo passarela, magra, alta e há temporadas: primavera-verão, outono-inverno. São dois períodos do ano em que acontecem os grandes desfiles como São Paulo Fashion Week, Fashion Rio, Casa de Criadores.
Então modelos passarelas trabalham nesses períodos. Quando acaba aqui, começa a semana de moda em New York, depois em Milão, Londres e Paris.... Eu não consigo acompanhar tudo isso.... Principalmente depois que comecei a faculdade e meu primeiro emprego com carteira assinada. Prefiro ficar em São Paulo freqüentando museus, indo a teatros, cinema e lendo. É meu lado B. Quase ninguém acredita que uma modelo possa ser nerd. O povo tem mania de estereotipar modelo como burra e pra mim, toda generalização é burra.

7. Em quais cidades (brasileiras e internacionais) você já trabalhou?

ERYCKA: Já desfilei em Fortaleza, Teresina, Brasília e fora do país, Milão, Paris, Londres, Frankfurt. Outras cidades no exterior eu fui a passeio.

8. Atualmente, você está trabalhando aonde?

ERYCKA: Numa clínica em São Paulo, assessorando diretamente o diretor-presidente.

9. Já houve alguma frustração da sua parte com o mundo da moda?

ERYCKA: A cada casting (teste onde selecionam a modelo para determinado trabalho) que você vai e ouve um “não” é frustrante. É preciso ter coragem para ser modelo. Quem é que gosta de dar a cara a tapa e ir em testes para ser escolhida pelo tipo de beleza ou altura, corpo?
Ouvir um não dói no começo ou quando você quer muito pegar aquele trabalho que vão pagar 1.200,00 por entrada na passarela. Hahahahaa. Mas a gente acostuma quando sabe que pra cada trabalho é necessário um tipo de beleza. Eles dizem que tenho uma beleza exótica, bem diferente dos rostinhos de bonequinhas das meninas do sul e estilistas adoram gente diferente. Menina de olhos azuis e loirinha tem aos montes. Eles se cansam disso fácil.

10. Tem como conciliar a carreira de modelo e os estudos?

ERYCKA: Desde fevereiro deste ano, quando comecei meu curso na faculdade, eu diminui o ritmo. Tenho desfilado mesmo apenas nos finais de semana e para amigos estilistas com quem tenho uma relação boa até hoje. Estou com 26 anos. Idade boa para parar e pensar no futuro. Não dá pra modelar pra sempre.

11. Em Teresina você já atuou como repórter, pretende seguir carreira no Jornalismo?

ERYCKA: Não. Foi coisa passageira.

12. Você sempre foi uma pessoa ‘antenada’ nas questões atuais, falo isso porque estudei com você em C. Castro e em Teresina. Lembro-me que no 3º ano do Ensino Médio, em Teresina, a gente esperava a última aula da semana que era de Geografia para debater temas polêmicos e vejo que você continua a mesma. De onde vem tanta sensibilidade para a percepção e busca de soluções dos graves problemas sócio-econômicos globais e locais?

ERYCKA: Eu tenho sede de conhecimento, não sei de onde vem. Estudo muito e leio tudo que posso pra não ser uma pessoa alienada. Ninguém nunca vai tirar proveito de mim.

13. Mesmo de longe (fisicamente falando) você tem uma preocupação muito grande com sua terra natal, Cristino Castro. Fale mais sobre esse seu comprometimento com a nossa cidade.

ERYCKA: Eu sinto uma dor imensa ao ver gente abandonada, gente passando fome quando a nossa Constituição Federal diz que todo cidadão brasileiro tem direito à educação, moradia e vida digna. Eu choro quando eu vejo criança sendo abusada e idosos sem proteção. Eu queria ter poder e verba suficiente para conseguir tirar o sofrimento dessas pessoas. E Cristino Castro é uma cidade onde a maior parte da população é de classe pobre. E só o que eu tenho no momento é vontade. Vontade de ajudar mesmo que seja cobrando dos políticos mudança.

14. O que você gostaria de ver acontecer na nossa cidade e o que você gostaria de excluir de C. Castro?

ERYCKA: Eu queria ver toda criança na escola, todos os adolescentes na faculdade, todos os pais de família trabalho e recebendo um salário suficiente pra sustentar a família, todos os idosos sendo bem cuidados e protegidos. Eu excluiria as drogas da cidade. Eu soube que tem, e muito!

15. Você pretende fazer algo por Cristino Castro?

ERYCKA: Quando eu tiver o suficiente [financeiramente falando] quero montar um projeto social e dar educação às crianças e adolescente de Cristino Castro. Mamãe se formou em Pedagogia e tem experiência na área educacional. Ela vai me ajudar nisso. Acredito que uma educação de qualidade na infância é a base mais segura para se ter um futuro promissor.
Eu adoraria ir em Cristino Castro e reunir o máximo de meninas que eu puder para ensinar coisas de mulher: andar de salto com elegância, como se maquiar adequadamente para cada situação, que tipo de roupa usar em determinadas ocasiões, etc. Não acho que é coisa fútil. Marketing Pessoal é tudo. Não temos uma segunda chance para causar uma boa primeira impressão. Cuidar do cabelo, da pele, usar roupas adequadas e saber andar no salto com naturalidade é essencial para a vida. A gente tem que se sentir bem, se sentir mulher. Auto-estima ajuda a querer viver para sempre.

16. Não poderia deixar de fazer esta pergunta. Érycka, no final de 2007 você participou de um reality-show para modelos com repercussão nacional, promovido pelo canal da Sony. Por que a organização desse programa informou, nos seus veículos de comunicação, que você era de Teresina e não de Cristino Castro?

ERYCKA: Nem sei te dizer o que houve com a legenda. Nós gravamos todo o programa antes de ir ao ar. Ele foi todo editado quando estávamos confinadas gravando.
Assisti como todo mundo. Em casa. Eu já estava em casa quando foi veiculado.
E tomei um susto quando vi Teresina ao invés de Cristino Castro.
Entrei em contato com a produção e disse que nasci em Cristino Castro e que queria o nome da cidade na legenda.
Minha irmã Edcris disse que depois eles alteraram a legenda.

17. Fale mais sobre esse programa (formato, premiação, repercussão) e como foi sua passagem por ele.

ERYCKA: Fui convidada pra participar de um reality show num canal que só passa em TV a cabo, o Sony Enterteinment Television. E então tudo andou. Fiquei dois meses confinada com outras modelos numa mansão no Morumbi, fotografando com os melhores fotógrafos e editores de moda, estilistas e produtores. Isso me ajudou a crescer muito porque o que eu sabia desse meio era nada, nada mesmo. Em São Paulo tudo é diferente.
Eu não ganhei o programa. Fui a 7ª eliminada, mas isso me trouxe visibilidade e eu consegui agência em Paris.
Alguns meses eu li em algum lugar, não lembro se foi revista ou algum blog de moda, que enquanto a vencedora do Brazil’s Next Top Model tinha voltado pra cidade dela, Santos – SP, eu estava na semana de moda de Paris e indo para Londres em seguida.
Depois conheci Frankfurt na Alemanha, Budapeste na Hungria, Praga na República Tcheca, Lisboa em Portugal, Madri na Espanha... etc.
Eu cresci muito como pessoa. Aprendi idiomas, conheci culturas diferentes. Acredito que meu prêmio foi melhor.

18. O que a sua família (mãe, irmãs e sobrinha) significa na sua vida? Com certeza você tem muito orgulho da sua mãe. Quando você estava no reality-show ela fez campanha no Orkut para que todos lhe vissem. O que ela representa para você?

ERYCKA: Minha mãe é uma guerreira. Criou 3 filhas com a maior dificuldade do mundo. Quando morávamos em Cristino Castro tudo era difícil. Devo meu crescimento pessoal a minha mãe. Sempre incentivadora e educadora. Pra mim ela é símbolo de garra e persistência.

19. Você tem alguma grande meta na vida, pode dizer algo sobre isso?

ERYCKA: Eu falo inglês fluente, pretendo terminar de aprender Francês e começar Espanhol. Quero terminar meu curso de Secretariado Executivo Bilíngue e em seguida emendar uma pós em Gestão em Negócios. Penso em uma MBA futuramente também. Pesquiso muito sobre empregabilidade e vejo que estou no rumo certo para me tornar uma profissional bem sucedida.

20. Para quem quer ser modelo, que conselhos você deixa?

ERYCKA: Nunca acredite em pessoas que te dizem que vão te transformar numa top da noite pro dia.
A carreira requer paciência. A aspirante tem que ter uma vida regrada e não se misturar com as que se drogam e vivem em baladas bebendo e fumando. Disciplina é a palavra chave.

21. Para encerrar, dê a sua definição pessoal de felicidade.

ERYCKA: Felicidade é acordar todos os dias e ver que você é essencial pra várias pessoas: para o seu chefe que precisa de você porque se não as coisas na empresa não andam; para a sua mãe que precisa ouvir o ‘eu te amo’ antes de ir trabalhar; para o seu namorado que sempre liga ao meio dia para dizer coisas que te faz bem. Felicidade é saber que essa vida te serve, que você cabe bem nela.

Comentários

  1. Parabéns filha. Tenho orgulho de ser tua mãe. Seja sempre essa mulher de atitude, coragem, garra... Te amo.

    ResponderExcluir
  2. alfredo martins vasconcelos
    parabens erycka,tio alfredo fica feliz por voce,seja sempre essa mulher determinada,cabeça erguida um futuro brilhante te espera.
    cristino castro-pi 06/07/2010

    ResponderExcluir
  3. parabens prima voce é uma pessoa muito legal te adoro muito .felicidades pra voce sempre e que deus te proteja sempre. Uêdana sua prima que te amo de montão.

    ResponderExcluir
  4. Rapaz é a Erika mesmo... ...
    Ñ sei se ela lembra mas estudamos juntas.
    Era a melhor aluna em matematica a professora era a Olga.

    ResponderExcluir
  5. Boa matéria, que bom ainda tem pessoas que pensa e que acredita um dia vai fazer algo por pessoas mais carente...Um montão de sorte para você e toda sua família, conheço bem sua mãe, continue com cabeça erguida e boa sorte...

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Atenção visitantes do blog Catinga-de-Porco, ao comentar coloque nome e sobrenome e se possível outra referência, obrigado.

Postagens mais visitadas deste blog

Catinga-de-Porco (Catinga de Porco)?

Quem lembra da cantora Eloides? Ela cantou duas vezes em Cristino Castro, uma como cantora 'secular' e outra como gospel

História dos Cemitérios de Cristino Castro