Artigo de Salvador Alves da Rocha sobre Cristino Castro.

CRISTINO CASTRO NA MIRA DA PROMOTORIA DE MEIO AMBIENTEPor Salvador Alves*

Há pouco menos de dois meses nossa cidade virou sexagenária. Explico. Completou sessenta anos. Por ocasião das festividades houve um intenso burburinho político (como em qualquer evento que aqui ocorre). Isso porque o atual prefeito decidiu não festejar com “pompa e circunstância” a data festiva. Batata. A oposição – que nunca desceu do palanque – aproveitou o “vácuo” deixado pelo gestor para demonstrar o seu “imenso amor” pela cidade e, de quebra, ganhar uns pontinhos políticos – pois ninguém é de ferro.

Nossa cidade, é uma cidade como tantas outras. Tudo que vemos aqui, também acontece em outras cidades. Ainda mais for do Piauí. O que nos torna únicos, o que nos diferencia das demais, é o fato de sermos reconhecidos nacionalmente como a “cidade dos poços jorrantes”. Isso nos orgulha, nos enche de soberba, muito embora não se consiga explicar como com tanta água não passamos de meros importadores de hortifrutigranjeiros. Ou ainda. Como eu sofro falta d'água em minha residência tendo tanto desperdício em poços que jorram sem parar? E tem mais. Como posso eu pagar à AGESPISA dez metros cúbicos para consumo necessário, sendo que nenhum dos donos de poços pagam pelos milhões que gastam? E olha que eles exploram a água como atividade econômica, pois são donos de piscina, hotéis, restaurantes. Diga-se: gastam o que não é só deles.

O fato é que Cristino Castro deve (E MUITO!) ao restante do país. Temos sorte de ninguém ter se apercebido disso, e de ainda não ter cobrado atitude por parte das autoridades constituídas. Isso na melhor das hipóteses. Duvidam? Imaginem se se criar no Brasil um movimento dos Sem-Água (como há o dos Sem – Terra e o dos Sem – Teto)? Qual cidade vai estar no olho do furacão?

 No entanto,  vem perto o tempo em que a conta dessa negligência chegará para nós.

 Em âmbito mundial – ONU – e nacional – Ministério do Meio Ambiente –, já se discute o que se convencionou chamar de Pagamento por Serviços Ambientais – PSA. É um princípio segundo o qual, QUEM USA TEM QUE PAGAR. E isso não se aplica apenas a pessoas, mas a empresas, governos, agrupamento de pessoas, etc. Cristino Castro usufrui – e mal – de um recurso ecológico que é vital para seres humanos ou não. A água do subsolo.

Mas nossa cidade ainda vive na idade das trevas, cultuando pseudo-líderes políticos egocêntricos cuja única preocupação é saber quem vai dar a melhor festa, perpetuando, assim,  a cultura do pão e circo do tempo do império romano.

No entanto, um fato promete mexer com esse comodismo.

A Promotoria Regional Ambiental localizada em São Raimundo Nonato - mas que tem competência em matéria ambiental sobre o nosso município – titularizada pelo Promotor de Justiça Vando da Silva Marques, atuante membro do Ministério Público Estadual, acaba de instaurar Inquérito Civil nº 16 de 2013 a fim de apurar danos ambientais decorrentes do desperdício de água em nosso município.
Espero com esse fato que nossa cidade “caia na real” e deixe de se ocupar de coisas medíocres e, de quebra, demonstre para todos o que eu já percebo há algum tempo: que os nossos políticos locais não têm capacidade, cultura, preparo e até mesmo boa vontade,  para liderar um projeto sério de transformação do nosso município, inclusive da mentalidade de muitos que aqui residem.

PS: O Inquérito Civil encontra-se publicado no Diário dos Municípios de 13 de
dezembro.

* Licenciado em Física, bacharelando em Direito e em Administração Pública e Servidor Público do Ministério Público Estadual